À espera dos bárbaros
segunda-feira, janeiro 31, 2005
  Inconsolável.
Ainda alimentei esperanças de que o poema afixado na quarta-feira passada (de um disco que acabara de comprar e que é um verdadeiro achado) pudesse vir a substituir aquele que foi escolhido para o hino de campanha do PSD...
Já imaginava Santana chegar-se ao centro do palco, a luz intensa sobre ele, e ouvir uma boa voz de barítono entoar «Man is for the woman made». Imagino que pudesse sublinhar as palavras com alguns gestos significativos e facilmente reconhecíveis. Subitamente surgiriam da sombra uma dezena de «piquenas» suculentas que ele apalparia e que, depois, a um sinal de autoridade, desapareciam de novo na sombra. Isso sim, seria mais eficaz que aquela lamechice brasileira... Não há nada como uma mensagem clara. E, vendo bem, no plano das ideias é imbatível.
 
  Putices. É tão deprimente vê-los a «fazer o trottoir»... prontos para o primeiro colo que os levar ao sítio onde querem ir.
 
  Distância.
Sumário de um fim-de-semana: The Straight Story, de Lynch; Vieira da Silva; um texto sobre as dificuldades de leitura e ensino dos clássicos; leituras: Steiner, Pla, Nicholas Fox Weber; Santana Lopes ao colo de mulheres pêéssedês; aplicação de novas competências gráficas no computador; uma garrafa do novo e excelente Monte da Peceguina (tinto); um excelente charuto; Freitas perseguido, grande admirador de Sócrates.
Se não fosse o apego à família e às circunstâncias culturais em que gosto de viver, estaria pronto a pedir asilo político ao Burundi.
 
sábado, janeiro 29, 2005
  A ler. Helena Matos e VPV no Público de hoje continuam a dizer coisas que quase ninguém diz em público.
 
sexta-feira, janeiro 28, 2005
  Ecce Homo
no Mar Salgado. A ler à luz da primeira crónica citada no post anterior. Além do mais subscrevo o tipo de irritação.
 
  Um jornal, três crónicas.
EPC desconhece o passado antifascista de Bagão Félix. E acha que Freitas tem um percurso coerente de aproximação à esquerda e de crescente preocupação pelo interesse nacional.
Um texto altamente educativo, a ler como reforço de vacina.
VPV: «Se o conservadorismo pede a Paulo Portas que ele "gere" uma filha com um sorriso, o que não pedirá o trombeteado esquerdismo do "Bloco"?»
A não perder o resto da crónica, por uma questão de higiene.
JBC: A ler apenas pelo gosto de ler uma crónica.
 
quinta-feira, janeiro 27, 2005
  Bloguítica. Se for verdade, lamento imenso que assim seja.
 
quarta-feira, janeiro 26, 2005
  Man is for the woman made. Música de Henry Purcell, poema de Peter Anthony Motteux, cantado por Jon Vickers (Nova Iorque, 30 de Abril de 1967)

Man is for the woman made,
And the woman made for man;
As the spur is for the jade,
As the scabbard for the blade,
As for digging is the spade,
As for liquor is the can,
So man is for the woman made,
And the woman made for man.

As the scepter to be sway'd,
As for night's the serenade,
As for pudding is the pan,
And to cool us is the fan,
So man is for the woman made,
And the woman made for man.

Be she widow, wife or maid,
Be she wanton, be she stayed,
Be she well or ill array'd,
Whore, bawd or harridan,
Yet man is for the woman made,
And the woman made for man.
 
  Ler este texto.
E este também.
 
terça-feira, janeiro 25, 2005
  O melhor do mundo como diz o DN aqui.
Nunca gostei de Mourinho. Passei a gostar ainda menos quando ouvi uma reportagem a propósito de uma «biografia», feita por um jornalista serviçal, em que ele contou -- em discurso directo -- como tinha enganado os fiscais da UEFA. E o jornalista juntava-se-lhe no encómio à esperteza com que tinha levado os outros à certa. Exultavam ambos de alarve contentamento.
Lembrei-me de um texto de Eça sobre a educação, em que este observa, certeiro, como, em Portugal, a mentira é acarinhada nos meninos desde pequenos: vejam lá como ele é tão esperto, tão pequenino e já tão esperto...
Aos meus filhos (sim, sim, posso falar da vida) contrapus a atitude do ciclista Lance Armstrong que ficou para trás para ajudar um colega que caíra.
Depois disso Mourinho continuou a ganhar. Durante o Euro, ouvi-o comentar um dos jogos da selecção portuguesa. Foi talvez o melhor comentário futebolístico que já ouvi na televisão. Depois disso Mourinho continuou a ganhar. Não duvido que hoje possa ser um dos melhores treinadores do mundo, mesmo sabendo quão efémeros e circunstanciais esses títulos podem ser. Também a ele tiro o chapéu que não uso.
Mas continuo a não gostar da criatura.

 
segunda-feira, janeiro 24, 2005
  Ó engenheiro Sócrates!!! Então o dr. Vitorino não pediu conselho ao prof. Prado Coelho sobre as políticas culturais de um governo socialista? Ó engenheiro Sócrates! Imperdoável...tem de compensar essa falha!!!

(E, pergunto aos meus botões, como é que deveriam ser as políticas culturais de um governo não socialista?)
 
domingo, janeiro 23, 2005
  Ler. O Abrupto feito pelos seus leitores: Uma morte ... em Cambridge…
 
  Que gente!
Não frequento os blogues bloquistas. Não me interessam, não gosto, não vou lá. Não tenho de ir, nada me obriga, nem tenho curiosidade. Hoje, porém, fui ao Barnabé por via de um link do Bloguítica, para ver o que lá se dizia de facto sobre o inteligente Louçã (está na moda, parece, dizer que o Louçã é inteligente; é uma moda que sucede à de achar que o Guterres fala muito bem). Li, e por lá se diz o que era de esperar. Mas, passando os olhos pelos comentários dos leitores -- uma espécie de forum tsf menos janota -- fica-se aterrado. Que gente! E todos tocados pela inteligência louçanesca... É um bom retrato da realidade sinistra do BE.
 
  Representações da crise.
JPP fala da crise de representação. Ela, creio, não é nova, particularmente para um grupo de eleitores (quantos serão?) que, há já alguns anos, votam A (digamos no PSD) mais para impedirem B (digamos o PS) de chegar ao poder, do que propriamente por depositarem em A grandes esperanças. Votam pois mais contra B do que a favor de A. Quantos terão votado A (por exemplo em Santana Lopes para a câmara de Lisboa), não por Lopes lhes merecer uma grande confiança, mas para impedir B (João Soares) de lá continuar? Neste tipo de pragmatismo sem ilusões funciona o chamado voto útil.
O que me parece que a situação actual veio trazer de novo, no que respeita a este grupo de eleitores, é que A deixou de beneficiar da suposição de que o seu pior é sempre melhor que o melhor de B. Muitos destes eleitores, que em geral têm uma visão realista da política, votam sem grande convicção (digamos desde o primeiro Cavaco), mas agora fartaram-se simplesmente de apenas votar contra. Porque A mostrou que pode ser igual ou pior que B, e este A não está em vias de alterar a sua situação. Neste contexto, para estes eleitores só faria sentido dar o seu voto a um pequeno partido se este fosse da área política próxima de A. E, mesmo assim, só faria verdadeiro sentido se fosse uma espécie de regresso a uns restos de convicção, postos na prateleira em nome do pragmatismo. Não existindo essa relação, restam poucas, muito poucas, hipóteses.
 
  Ouvi há pouco
num resumo noticioso da semana um pouco do debate de Louçã com Portas. Apesar de já conhecer a frase sobre «a vida», fui acometido de uma náusea persistente. É o tipo mais odioso da política portuguesa. Que nojo! Helena Matos no Público põe o dedo na ferida mais uma vez.
 
quinta-feira, janeiro 20, 2005
  O país ao almoço, ou o choque eleitoral.
Almocei, como faço ocasionalmente, na Baixa. Restaurantes de hora de almoço onde se juntam empregados da zona, dos bancos, do comércio, das empresas, advogados e médicos com escritório por ali, e muita, muita gente que integra a população flutuante que faz parte da paisagem diária daquela Lisboa. No marulhar das vozes, o ar enche-se de conversas cruzadas. Fala-se, não de política, mas da política. Ouvem-se risos, as cabeças ondulam negativamente, percebem-se os sarcasmos. Percebe-se, na mesa de clientes habituais, que há ali vidas diferentes, diferentes pertenças e, provavelmente, áreas políticas diferentes. Mas estão todos entre o desprezo e a indignação e no (aparente) propósito de ficarem em casa no dia 20 de Fevereiro. Será que esta greve de zelo ao tão apregoado «dever cívico» poderia ter o mérito de provocar um «choque» eleitoral suficientemente grande para mudar alguma coisa? Creio que não. Mas, tendo chegado onde chegámos, não sei se não seria preferível que a resposta fosse afirmativa.
 
quarta-feira, janeiro 19, 2005
  Levantar ou não levantar.
Eleições. Santana pede um levantamento. Sócrates não sabe nem o que pedir. Por mim, usando a expressão alarvójardinesca, «não levantarei o rabinho da cama». A não ser que haja candidaturas que valham a pena o esforço: uma pedra ou um legume, por exemplo, cumpririam a função.
 
terça-feira, janeiro 18, 2005
  Lido ao acaso. «Sonhamos frequentemente que temos asas. Agora, é a humanidade que o sonha: mas fala demais enquanto dorme».

Karl Kraus
(a partir da tradução francesa de Sprüche und Widersprüche)
 
segunda-feira, janeiro 17, 2005
  Finalmente fez-se Luz!
 
sábado, janeiro 15, 2005
 
Morreu Victoria de los Angeles.
Os anjos terão agora o exclusivo da sua presença. Nós ouvi-la-emos sempre como naquele recital em Londres quando acompanhou Schwarzkopf e Fischer-Dieskau na retirada de Gerald Moore. E só isso diz bastante sobre Victoria de los Angeles.
 
sexta-feira, janeiro 14, 2005
  Deprimente.
Não é propriamente uma novidade, mas veja-se como, no artigo de José Freire Antunes publicado hoje no Diário de Notícias, o proselitismo partidário aniquila tudo o resto. O que é que pode levar uma pessoa informada e inteligente a escrever que o PSD está «mobilizado em torno de Santana Lopes»? A retórica partidária é lamentável. Não tenho nada contra o facto de JFA se candidatar pelo PSD, isso é lá com ele, mas a retórica correlegionária é medíocre e deprimente. Não admiro incondicionalmente os que atiram sempre em todas as direcções, prisioneiros também do seu antiposicionamento, mas sempre têm mais inventiva... Agora isto de «um partido repleto de homens e mulheres de coragem, etc.», é um pouco demais... ou de menos, não é?
 
quinta-feira, janeiro 13, 2005
 

A última descoberta musical e diversas coisas que pertencem a outras instâncias da minha vida, mas convergem todas no silêncio, implicam um distanciamento do quotidiano saturado de coisas que me interessam relativamente pouco. Nem sei por que razão lhes tenho dado aqui alguma importância.
 
quarta-feira, janeiro 12, 2005
  E agora já chega! Volto a pôr o chapéu (que continuo a não usar), afinal é apenas uma crónica com alguma graça, embora lhe falte a graça literária dos grandes cronistas. Até à próxima.
 
  Ok, ok, pronto...
A minha habitual aversão às modas, sobretudo no cânone do Expresso, aos génios proclamados, à revista idiotamente chamada «os meus livros», tudo me tem mantido afastado do venerado Coutinho. Mas até o meu mau humor tem limites: tiro o chapéu (que não uso) a este texto.
 
 
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terça-feira, janeiro 11, 2005
  Joint venture
Percebo, vagamente, da leitura dos blogues (ver aqui e aqui) que tem havido alguma discussão, com direito a solidariedades sempre sempre ao lado do povo, sobre a criatura que (e)levou a arte sociológica à ciência poética.
Boa ventura a dele, má sina a nossa.
Mas a referência ao nosso sócioguru evoca um episódio desagradável. Sofro do um mal antigo que se manifesta na dificuldade de acordar, de manhã, e se reflecte no passo seguinte, o de me levantar. Pois bem, para obviar a essa persistente maleita adquiri, em tempos, um despertador cuja função radiofónica me ajudasse a sacudir o torpor do espírito e do corpo. Basta de confissões e vamos ao que interessa. Um belo dia, às voltas ainda com o regresso à realidade, ouvi umas declarações passadas num noticiário, cuja eficácia foi tremenda. A irritação produzida foi mais do que suficiente para me despertar por completo, logo na posse de todas as faculdades. Reconhecido o discurso lá vociferei, de mim para mim, «este Boaventura não tem remédio, que estupidez, é sempre a mesma coisa» e outras coisas que não são para aqui chamadas. Porém, qual não foi o meu espanto quando, no fim das declarações, o repórter as referenciou como sendo de Miguel Cadilhe.
Boas venturas de todo o mundo, uni-vos!
 
segunda-feira, janeiro 10, 2005
 

A primeira promessa eleitoral de Santana Lopes é a instalação de um sistema de prevenção de catástrofes naturais: ciclones e tsunamis. É uma atitude corajosa, politicamente oportuna, e merece o apoio de todos. Vamos ver o que Sócrates responderá a isto. Proporá uma medida assim tão concreta ou continuará a manter-se no plano da fé (voltar a acreditar)?
 
domingo, janeiro 09, 2005
  What's bugging you, Pearl? Too much knowledge, Frank. Too much knowledge.


A little learning it's a dangerous thing, por Frank Sinatra e Pearl Bassey.
 
sexta-feira, janeiro 07, 2005
  Em Louvor dos Fanáticos. Colocados os textos de Jünger e de Seamus Heaney, em tempos aqui afixados.
 
  Solidariedade. Aqui e aqui.
 
  E se assumíssemos radicalmente?
O país como uma SAD, com o respectivo presidente, responsável por contratar um treinador principal e respectivos adjuntos. Ambos seriam responsáveis pela constituição de uma equipa de ministros, cujo «passe» podia ser adquirido num mercado alargado. Esgotadas as substituições previstas, a equipa teria de aguentar os 4 anos. Claro que teriam de ter boa preparação física. Agora imagine-se que, com Bagão em falta de forma, se conseguia a transferência de um Sarkozy para jogar para nós? Que se aproveitava a situação de David Blunkett e o integrávamos na equipa? Não acredito que não haja um lituano qualquer capaz de fazer o lugar na cultura. Ou um alemão eficaz para a administração interna. Ou um brasileiro concretizador... E com um esloveno os negócios seriam mesmo estrangeiros. Eis como se ultrapassariam as ideologias, as dicotomias entre esquerda e direita, agora meras referências à zona do campo ou ao lugar específico de cada um. O verdadeiro fim da história, um novo patamar civilizacional. Claro que haveria o problema do «entrosamento», mas não nos custaria nada criar «automatismos», tão naturais em nós. O balneário seria difícil, a gestão do banco também... mas isso já é assim actualmente. Se a coisa estivesse a correr mal, pimba, rua com o treinador, que viesse outro, com a chicotada psicológica inerente, sempre benéfica. Que oportunidade para tantos políticos que não conseguem fazer vingar as suas ideias nos seus países, perdão, clubes. Além do mais estaríamos a dar hipótese aos nossos de fazerem figura lá fora, de receberem troféus de Ministro de Ouro, Inaugurador do Ano, e outros. O parlamento seria transformado em assembleia geral do clube; a avaliar pelas assembleias gerais dos clubes o espaço chegava perfeitamente. Um Conselho de Arbitragem asseguraria a manutenção da ordem através de juízes nomeados para observarem os negócios da SAD. Aqui a situação não se alteraria grande coisa, muito aconteceria quando eles não estivessem a olhar, mas tinha a vantagem de podermos chamar-lhes «ursos» impunemente. E um ministro com 2 cartões amarelos ia para a rua.... teriam de ter cuidado com as rasteiras, as agressões sem bola, os encostos, as obstruções, os carrinhos, a linguagem utilizada!... enfim, tudo se adaptaria facilmente e com vantagem. E, sobretudo, o jogo e o seu modelo organizativo, técnico-táctico (a técnica da redução do déficit, o esquema 4-4-2 para resolver a educação, etc.) teriam finalmente o lugar que merecem. É claro que existiriam sempre os intermediários, os agentes, os olheiros à cata de bons ministros por esse mundo fora, os negócios menos claros, mesmo muito escuros, mas pronto!, que havemos de fazer, é a natureza humana, é a vida. As claques ululantes, essas, não precisariam de mudar nada. Imagina-se o progresso que constituiria uma colecção de cromos deste pessoal? As crianças na escola: «Tenho o Sócrates repetido, troco pelo Vitorino que é mais difícil de arranjar» ou «Tenho dez Jerónimos de Sousa e cinco Louçãs, são os que saem mais, mas depois ninguém os quer prá troca». E no fim a caderneta seria um verdadeiro livro de História. O modelo do «jogo falado» seria o dos comentaristas políticos, o Pôncio, o menino Reboredo, o Santana.... agora sem o problema de pertencerem a clubes diferentes. Mas, agora reparo, estes no fundo já pertenciam todos ao mesmo...
 
quarta-feira, janeiro 05, 2005
  Os dois Pôncios.
Da minha visita diária aos blogues fico com a ideia de que tudo já foi dito sobre Pôncio. Mas o meu pendor digressivo levou-me a pensar no outro Pôncio célebre que conheço. O outro, mais conhecido por Pilatos, figura aliás muito injustiçada, perguntou a Jesus «O que é a verdade?» (João, 18:38). Este Pôncio mais recente conhece a verdade e sabe que ela é azul e branca, pelo que nunca poria tal questão. Isso separa decisivamente os dois Pôncios. Terão, apesar disso, algo em comum? Ouçamos (via DN) o segundo Pôncio sobre a possível recepção dos portistas a Santana Lopes, hoje no estádio do Dragão: «Isso agora é um problema dele.» Impotentes para mudar o curso dos acontecimentos, ambos lavaram as mãos.
 
 

Isto é o olhar crítico e irónico de um tal Alves da Silva sobre o contexto urbano português.
É modernaço (perdão: contemporâneo), e deve deleitar-se com a sua própria crítica e ironia. Esteve na Bienal de Veneza e creio que ainda espera a visita do povo (a massa de contribuintes patrocinadores) até 30 deste mês, na Cordoaria.
De qualquer forma é o que temos para vender, o resto está esgotado.
 
 
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terça-feira, janeiro 04, 2005
 
Tenho este livro na minha biblioteca. Recomendo a sua leitura.
 
  Pois é, o ensino...
Prudência que convém preservar, cepticismo que é essencial não abandonar. Uma coisa é fazer tudo para prevenir a dimensão maior das tragédias, designadamente criando os mecanismos de alerta precoce de tsunamis como os que funcionam no Pacífico e já salvaram muitas vidas. Outra coisa bem diferente é pensar que no momento decisivo os homens, todos, se comportarão como a pequena inglesa que salvou vidas porque tinha aprendido a aula de geografia e lançou o alerta para que se fugisse da praia. Muitos, talvez a maioria, prefirirá a indiferença face ao próximo ou, simplesmente, fará como os que se estendem de novo ao sol nos areais, ruínas morais no meio da tragédia.
Claro que estou de acordo com o que diz José Manuel Fernandes no Público de hoje. Mas gostaria de chamar a atenção para um pormenor, marginal ao raciocínio de JMF, mas muito importante. É que a «pequena inglesa», exemplo do comportamento minoritário, «tinha aprendido a aula de geografia» porque (1) em Geografia esse assunto tinha sido abordado e (2) tinha sido abordado em tais termos que permitiam à miúda reconhecer o fenómeno e saber o que fazer perante ele.
Pois é, o ensino...
 
  As artes do Instituto.
Sobre as preocupações com o Instituto das Artes, que tenho visto impressas, gostaria que toda a gente tivesse tido acesso ao programa/catálogo/whatever it was da Bienal de Veneza, produzido por/para o IA (aquele que, entre outros mimos, tinha uma imagem com um avião a dirigir-se para as nossas twin towers de Sete Rios). Era de tão penoso (painful é mais exacto) mau gosto que provocou em cidadãos comuns repulsa e ímpetos destruidores e, pelo menos num caso, uma reforma antecipada.
Mas é o que temos para vender. O resto está esgotado.
 
  Meditação.
A destruição das velhas instalações do Arco Cego, por onde passaram eléctricos antes da invasão dos autocarros, progride em bom ritmo. O caos no novo terminal rodoviário de Sete Rios , gerado pelas pressas e pelas óbvias insuficiências, também. Quem fala disso?
 
segunda-feira, janeiro 03, 2005
  Conforto.
Fico confortado sempre que encontro alguém que pensa como eu, que vê o mesmo que eu vejo (apesar de não ser um crente das «ciências da educação», aquela coisa que nem é ciência, nem educação).
Mas há, afinal, uma vaga possibilidade de não estar louco ou de não ser um mero extravagante... Porém, a alegria é breve, logo nos cai em cima a força das coisas como são.
De qualquer modo agradeço a descoberta ao Aviz.
 
 
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