À espera dos bárbaros
quinta-feira, novembro 25, 2004
  Agradecimento.
Agradeço a referência no Fumaças.
Deixo aos outros a contabilidade das santanadas, a que, tarde ou cedo, se seguirão as socratadas.
Prefiro as histórias exemplares. Esta, por exemplo, que talvez lhe interesse.
Certo vinho de uma casa vinícola da zona de Palmela, só produzido em anos especiais dada a idade das vinhas que estão na sua origem e a duração do estágio, foi justamente louvado como sendo de excepcional qualidade. Justamente louvado. É um grande vinho, do qual me resta apenas uma garrafa... O seu preço era bem razoável, creio que, comprado na «fonte», rondava os 9 euros.
Ansiava-se pelo ano em que a produção se repetisse. O ano é este. Já o provei e, sendo bom, está longe da excepcionalidade do outro. Até aqui, nenhuma novidade maior. A «história exemplar» é esta: é que o vinho vai ser comercializado, a 20 euros na origem, com menos 14 meses de estágio do que o anterior. Motivo: a pressão comercial, a urgência dos intermediários e a ânsia dos consumidores.
Sem que isto signifique menor apreço pela (não-)referida casa, julgo que esta é uma daquelas histórias que mostram como, neste tempo, tudo se apressa em direcção à mediocridade, à perda, ao desatino, ao afundamento. Para mim, isto é mais importante, mais fundamental e mais significativo do que Gomes da Silva ser ministro disto ou daquilo. Embora a possibilidade de um Gomes da Silva ser ministro seja, em si mesma, um sinal de degradação, a mediocridade e a nulidade na política parecem-me uma novidade velha.
 
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