À espera dos bárbaros
segunda-feira, novembro 22, 2004
  Exactamente.
Registo a observação do Aviz sobre o facto, que bem se pode aplicar à totalidade da vida (política) portuguesa, de que tudo é avulso e medíocre. Das coisas grandes às mais pequenas. Do excesso de passionalidade à esperteza manhosa, do gosto de bater no ceguinho à benevolência espapassada e mole. Tudo sem consequência, em meio de acabar, ou mesmo em meio de começar. A pergunta do referendo não é mais do que a expressão triste de tudo isso. Há tempos, no parque de estacionamento de um centro comercial, mostrava aos meus filhos como as pessoas (tantas pessoas!) eliminam ou subvertem todas as regras para arranjar um lugar, para chegarem primeiro. Mostrava-lhes que é nos comportamentos mais quotidianos e automáticos que se vê o estado de uma sociedade, o seu grau de desenvolvimento. E dizia-lhes que temos duas opções: ou fazer como eles, ou não fazer, mesmo que seja preciso ir estacionar noutro parque. Dizia-lhes que é preciso conservar a dignidade, pela indignação e, no meu caso, sobretudo pela distância. Dizia-lhes que resistir é isso mesmo. No referendo, vou resistir.
 
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