À espera dos bárbaros
sexta-feira, janeiro 07, 2005
  E se assumíssemos radicalmente?
O país como uma SAD, com o respectivo presidente, responsável por contratar um treinador principal e respectivos adjuntos. Ambos seriam responsáveis pela constituição de uma equipa de ministros, cujo «passe» podia ser adquirido num mercado alargado. Esgotadas as substituições previstas, a equipa teria de aguentar os 4 anos. Claro que teriam de ter boa preparação física. Agora imagine-se que, com Bagão em falta de forma, se conseguia a transferência de um Sarkozy para jogar para nós? Que se aproveitava a situação de David Blunkett e o integrávamos na equipa? Não acredito que não haja um lituano qualquer capaz de fazer o lugar na cultura. Ou um alemão eficaz para a administração interna. Ou um brasileiro concretizador... E com um esloveno os negócios seriam mesmo estrangeiros. Eis como se ultrapassariam as ideologias, as dicotomias entre esquerda e direita, agora meras referências à zona do campo ou ao lugar específico de cada um. O verdadeiro fim da história, um novo patamar civilizacional. Claro que haveria o problema do «entrosamento», mas não nos custaria nada criar «automatismos», tão naturais em nós. O balneário seria difícil, a gestão do banco também... mas isso já é assim actualmente. Se a coisa estivesse a correr mal, pimba, rua com o treinador, que viesse outro, com a chicotada psicológica inerente, sempre benéfica. Que oportunidade para tantos políticos que não conseguem fazer vingar as suas ideias nos seus países, perdão, clubes. Além do mais estaríamos a dar hipótese aos nossos de fazerem figura lá fora, de receberem troféus de Ministro de Ouro, Inaugurador do Ano, e outros. O parlamento seria transformado em assembleia geral do clube; a avaliar pelas assembleias gerais dos clubes o espaço chegava perfeitamente. Um Conselho de Arbitragem asseguraria a manutenção da ordem através de juízes nomeados para observarem os negócios da SAD. Aqui a situação não se alteraria grande coisa, muito aconteceria quando eles não estivessem a olhar, mas tinha a vantagem de podermos chamar-lhes «ursos» impunemente. E um ministro com 2 cartões amarelos ia para a rua.... teriam de ter cuidado com as rasteiras, as agressões sem bola, os encostos, as obstruções, os carrinhos, a linguagem utilizada!... enfim, tudo se adaptaria facilmente e com vantagem. E, sobretudo, o jogo e o seu modelo organizativo, técnico-táctico (a técnica da redução do déficit, o esquema 4-4-2 para resolver a educação, etc.) teriam finalmente o lugar que merecem. É claro que existiriam sempre os intermediários, os agentes, os olheiros à cata de bons ministros por esse mundo fora, os negócios menos claros, mesmo muito escuros, mas pronto!, que havemos de fazer, é a natureza humana, é a vida. As claques ululantes, essas, não precisariam de mudar nada. Imagina-se o progresso que constituiria uma colecção de cromos deste pessoal? As crianças na escola: «Tenho o Sócrates repetido, troco pelo Vitorino que é mais difícil de arranjar» ou «Tenho dez Jerónimos de Sousa e cinco Louçãs, são os que saem mais, mas depois ninguém os quer prá troca». E no fim a caderneta seria um verdadeiro livro de História. O modelo do «jogo falado» seria o dos comentaristas políticos, o Pôncio, o menino Reboredo, o Santana.... agora sem o problema de pertencerem a clubes diferentes. Mas, agora reparo, estes no fundo já pertenciam todos ao mesmo...
 
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