À espera dos bárbaros
domingo, janeiro 23, 2005
  Representações da crise.
JPP fala da crise de representação. Ela, creio, não é nova, particularmente para um grupo de eleitores (quantos serão?) que, há já alguns anos, votam A (digamos no PSD) mais para impedirem B (digamos o PS) de chegar ao poder, do que propriamente por depositarem em A grandes esperanças. Votam pois mais contra B do que a favor de A. Quantos terão votado A (por exemplo em Santana Lopes para a câmara de Lisboa), não por Lopes lhes merecer uma grande confiança, mas para impedir B (João Soares) de lá continuar? Neste tipo de pragmatismo sem ilusões funciona o chamado voto útil.
O que me parece que a situação actual veio trazer de novo, no que respeita a este grupo de eleitores, é que A deixou de beneficiar da suposição de que o seu pior é sempre melhor que o melhor de B. Muitos destes eleitores, que em geral têm uma visão realista da política, votam sem grande convicção (digamos desde o primeiro Cavaco), mas agora fartaram-se simplesmente de apenas votar contra. Porque A mostrou que pode ser igual ou pior que B, e este A não está em vias de alterar a sua situação. Neste contexto, para estes eleitores só faria sentido dar o seu voto a um pequeno partido se este fosse da área política próxima de A. E, mesmo assim, só faria verdadeiro sentido se fosse uma espécie de regresso a uns restos de convicção, postos na prateleira em nome do pragmatismo. Não existindo essa relação, restam poucas, muito poucas, hipóteses.
 
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